sábado, 3 de abril de 2010

ANTE O VÍCIO DA PAIXÃO

Gostaria que lessem este texto de Hammed sem a perspectiva religiosa, mas com a consideração da contribuição de um material  vindo de um Espírito iluminado, estudioso neste assunto. Reflitamos sobre as suas palavras, cujo objetivo não é tirar o brilho do amor, mas sim dar uma polida nos nossos velhos conceitos e ainda, abrilhantar mais a vivência deste sentimento.

"ANTE O VÍCIO DA PAIXÃO

Jesus, ensina-nos a entender a diferença entre dependência e amor.

Sei, Mestre Querido, que o amor não termina, nós é que nos transformamos e, por consequência, mudamos nossa visão sobre o mundo e as pessoas.

Senhor Jesus, como pode o amor - o mais nobre dos sentimentos - nos fazer mal? Como alguém pode agir sobre nós tal qual uma droga, um alucinógeno que nos exalta e ao mesmo tempo nos arrasa? Como dosar ou utilizar na proporção certa a inclinação amorosa?

São essas dúvidas cruéis que nos rodeiam a mente e nos fazem às vezes sentir vontade de desistir da busca: tudo nos parece sem importância, não conseguimos avançar, não vemos com otimismo o futuro.

Cristo Amado, estamos cientes de que a paixão termina, o amor não. A paixão vence e refreia o que a razão sugere e pondera; o amor propõe liberdade. Por isso, quando amamos alguém, devemos deixá-lo livre. Se partir, é porque nunca o tivemos; se voltar, é porque o conquistamos.

Hoje sabemos, Mestre, que nosso amor não é maduro, e sim uma dependência psíquica. Somos viciados na "emoção do enamoramento" e na sensação de felicidade que ela nos proporciona; consequentemente, sempre esperamos do "bem-amado" a fonte da alegria de viver, o que nos torna seduzidos e cativos.

Parece, Divino Amigo, que sem um "amor" nos assemelhamos a criaturas que não sabem nadar, buscando freneticamente um tronco flutuante para não se afogarem. A paixão é um prazer que nos causa agonia, mas essa mesma agonia nos dá prazer. Isso é o paradoxo da paixão - é a etiologia dos diversos tipos de dependência.

Jesus, socorre nosso amor!

Na Terra somos muitos os viciados em relacionamentos. Essa condição, que supostamente alivia a dor de uma realidade intolerável - a de não se amar e não sentir capaz de cuidar de si mesmo - perpetua a compulsão afetiva de "ter sempre alguém por perto" e nos desvia da motivação para recuperar e valorizar a própria vida.

O sentimento afetivo pode nos fazer muito mal quando o objeto de nosso amor tem efeito alucinatório sobre nós, anestesiando-nos e, ao mesmo tempo, causando-nos deslumbramento!

Querido Mestre, são diversos os mitos sobre o amor e quase todos nós damos fé ou afirmamos como verdades certas crenças ou construções mentais idealizadas. Temos tendência e inclinação:

- para acreditar que o amor real traz sofrimentos e que, se recusarmos a sofrer por amor, nunca amaremos corretamente. Amor que significa um contínuo sofrer não é amor, é dor. E dor é um indício de que algo vai mal ou está doente e precisa ser apurado e tratado;

- para afirmar que só se ama verdadeiramente uma vez na vida, alegação notável e romântica, mas completamente equivocada. Podemos amar inúmeras vezes e tão fortemente quanto antes, ou até muito mais. A cada nova existência, cresce o número de nossos amores;

- para crer que sem um parceiro, nossa vida não vale a pena ser vivida. Ora, podemos, sim, alcançar a felicidade, mesmo vivendo a sós e em total abstinência de sexo. Por isso, não devemos atribuir valores absolutos às nossas escolhas de vida, pois corresponderia a dizer que aqueles que não se adaptaram à vida a dois são desnaturados;

- para declarar com firmeza que o amor pode tudo. Ele realmente pode tudo quando é estimulado e compartilhado; mas diante de pessoas que não querem amar ou se deixar amar, a experiência pode ser aniquiladora e humilhante, situação que bem se enquadra no antigo provérbio "querer tirar leite de pedras".

Por essas razões, Mestre e Senhor, estamos pedindo-te que nos ajudes a sair deste círculo vicioso, para que,  tomando posse de nosso valor pessoal, voltemos a acreditar em nós mesmos, e assim, em breve, possamos amar sem medo de sermos rejeitados e abandonados.

Jesus, socorre nosso amor!"

HAMMED, psicografado por Francisco do Espírito Santo Neto. Lucidez: a luz que acende na alma.Catanduva, SP: Boa Nova Editora, 2008. 158 p.

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